23 maio 2007

Inconsciente


Chega de matar essa paixão
Que alucina, imagina e corrói meu coração
Chega de poupar essa agonia
Porque a lenda lenta e fria arrepia essa canção
Envolventes panos quentes
Algemando o pé a mão.
.
Chega de querer você pra mim
E mesmo assim
Surpreender meu coração
Dentro do peito sai a alma e essa canção
E a tempo de ilusão
Que diz tão pouco
De mim mesma. De você não.
.
Pare de tocar essa viola
e o violão
De corda ou pano esse engano
Destratou meu coração
Pare de cantar e esse cantar
Adoeceu minha canção
E fui querendo, te perdendo
Dentro da minha emoção.
.
Ouça a minha vida
E este tempo de dois meses
A saída
Para ter felicidade
Longe de mim de verdade
Perto de ti nesta cidade
Onde a forma da distância
É tal qual necessidade.
(M.M.)

18 maio 2007

Distancio-me

Não quero olhar para você
seus olhos ainda não sabem (o por quê)
Eles sequer elegeram meu riso
viveram e nadaram no meu paraíso
acabaram de vez com meu bem (querer)
.
Não me chame nem veja em meus olhos
Eu não quero ser fotografada por eles jamais
Inda ontem eu te amava depressa
Inda hoje só tenho alguns ais
.
Se seus olhos falassem eu diria
que você me amou e em certeza
me iludiu como bem queria
me iludi em meio a beleza
de saber-me vazia de ti
.
Este seu olhar eu não quero de volta
Tenho medo de só pensar
Só vivendo sem eira nem beira
Reclamando pra mim esse olhar
Revelando em cada re-volta
Que impossível de ti
não gostar
.
Eles trazem de tudo um pouco:
a tristeza, melado, amor, melancolia
euforia, prazer, dor e canção
feito amigo que se faz de louco
preenchendo a vida com graça
perfurando o meu coração
.
Dói de calar o seu olhar
Deixo de ver o quanto é amar
Se seus olhos pudessem falar
Diriam bem alto e ao alcance baixinho:
- Eu amei esta louca,nobre passarinho.
(H.S.)

16 maio 2007

Hoje

O armário ainda está lá
Dentro dele as mensagens
Encaixadas e embrulhadas
Num papel comum
Como roupa amassada
Sem ao menos que saiba,
Que veja ou que valha
Nossos risos e imagens
Que em nós atrapalha.
.
Vou falar de você
Insinuar novo amor
Para que todos percebam
Que escondi minha dor
.
Pra quê a lembrança se não há mais amor
Unindo a gente em um elo sem cor
Cantando e dançando ao som da solidão
Querendo que o mundo desabe no chão.
.
Pra quê o sorriso, gargalhadas enfim
Se esta risada só pertence a mim
Por dentro há pranto
Chorando assim
Querendo que os olhos se fechem em ti.
.
As fotos amasso
Descaso total
Reviro o baú repenso o mal
Palavras jogadas sem ter ideal
Por onde andas hoje
Não quero igual.
(H.S.)

11 maio 2007

Mãe

Os filhos são para as mães as âncoras da sua vida.
Sófocles
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Um amor mais forte que tudo, mais obstinado que tudo, mais duradouro que tudo, é somente o amor de mãe.
Paul Raynal
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Uma pequena homenagem ao dia das mães - todos os dias.
Um beijo pra minha mãe e todas as mães do mundo.

02 maio 2007

A começar por mim e assim por diante...

O livro mais lindo de todos os tempos terrenos é, sem dúvida, O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry. Retirei de um site (http://home.kc.rr.com/slyon/por.html) alguns trechos muito significativos que chega como um soar de acontecimentos passados que estão presentes e insistem em vir à tona e me fazer chorar porque penso em tanta coisa que não me deixa em paz....
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"- Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol..."
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"- Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla. Ele pensa: "Minha flor está lá, nalgum lugar..." Mas se o carneiro come a flor, é para ele, bruscamente, como se todas as estrelas se apagassem! E isto não tem importância!?"
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"E lhe dizia: "A flor que tu amas não está em perigo... Vou desenhar uma pequena mordaça para o carneiro... Uma armadura para a flor... Eu...". Eu não sabia o que dizer. Sentia-me desajeitado. Não sabia como atingi-lo, onde encontrá-lo... É tão misterioso, o país das lágrimas!"
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"Assim o principezinho, apesar da boa vontade do seu amor, logo duvidara dela. Tomara a sério palavras sem importância, e se tornara infeliz."
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"Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava... Não devia jamais ter fugido. Devia ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar."
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"- Mas o vento...
- Não estou assim tão resfriada... O ar fresco da noite me fará bem. Eu sou uma flor.
- Mas os bichos...
- É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas! Do contrário, quem virá visitar-me? Tu estarás longe... Quanto aos bichos grandes, não tenho medo deles. Eu tenho as minhas garras.
E ela mostrava ingenuamente seus quatro espinhos. Em seguida acrescentou:
- Não demores assim, que é exasperante. Tu decidiste partir. Vai-te embora!
Pois ela não queria que ele a visse chorar. "
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"O principezinho sentou-se numa pedra e ergueu os olhos para o céu:
- As estrelas são todas iluminadas... Não será para que cada um possa um dia encontrar a sua? Olha o meu planeta: está justamente em cima de nós... Mas como está longe!
- Teu planeta é belo, disse a serpente. Que vens fazer aqui?
- Tive dificuldades com uma flor, disse o príncipe."
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"Depois, refletiu ainda: "Eu me julgava rico de uma flor sem igual, e é apenas uma rosa comum que eu possuo. Uma rosa e três vulcões que me dão pelo joelho, um dos quais extinto para sempre. Isso não faz de mim um príncipe muito grande..." E, deitado na relva, ele chorou.
E foi então que apareceu a raposa."
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"- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativara ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?"
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"- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
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"- Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou..."
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"- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.
O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo..."
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"- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!"
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"- Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração..."
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"Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela á agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa."
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"- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa..."
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"- É bom ter tido um amigo, mesmo se a gente vai morrer. Eu estou muito contente de ter tido a raposa por amiga..."
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"- As estrelas são belas por causa de uma flor que não se vê..."
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"O que torna belo o deserto, disse o principezinho, é que ele esconde um poço nalgum lugar.
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- Quer se trate de casa, das estrelas ou do deserto, disse eu ao principezinho, o que faz sua beleza é invisível!"
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"Como seus lábios entreabertos esboçassem um sorriso, pensei ainda: "O que tanto me comove nesse príncipe adormecido é sua fidelidade a uma flor; é a imagem de uma rosa que brilha nele como a chama de uma lâmpada, mesmo quando dorme..." Eu o pressentia então mais frágil ainda. É preciso proteger as lâmpadas com cuidado: um sopro as pode apagar..."
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"- Os homens do teu planeta, disse o principezinho, cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim... e não encontram o que procuram...
- Mas os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração..."
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"A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar..."
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"- Faz um ano esta noite. Minha estrela se achará justamente em cima do lugar onde eu caí o ano passado...
- O que é importante, a gente não vê...
- Será como a flor. Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é doce, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas."
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"- Quando olhares o céu de noite, porque habitarei uma delas, porque numa delas estarei rindo, então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem rir!
E ele riu mais uma vez.
- E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo. E abrirás às vezes a janela à toa, por gosto... E teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Tu explicarás então: "Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!" E eles te julgarão maluco. Será uma peça que te prego..."
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