Dia H

Por que ser incompreensível?

A Revolta já passou e eu não estou mais lá

Você me pede quase o impossível,

Ainda bem que tenho boa memória

E um raciocínio muito apurado.

Viver de aparências para quê?

Então me diz, o que você esconde

Que eu já encontrei?

.

Eu entristeço com suas frases

Ditos e não-ditos

Suspiros e conclusões me atiram

Como prova de que respiro.

Mentir vai adiantar?

Não, nem um pouco.

Afinal, o porquê de esconder

Só te resta saber.

.

Instinto é o que chamam

Para deixarem escapar

Um sorriso em meio à chuva

Um som, uma canção

Alegrias desvairadas

Numa paulicéia de nadas

Nove meses parece-me pouco

Perto da dor da distância

Longe de mim mesmo.

.

O que esconder acima de tudo?

Uma luz que se apagou

Ou uma vela quase inchada

De risos e piada

Sonhos e concretizações

Que um dia te deixou

Tão perplexo pela vida

Desiludido, talvez,

Amargurado em seus ais

Relembrando o passado

Que já não te pertence mais.

.

A atenção que eu tenho

Vem de mim, está intrínseca

Bem sabemos o vocabulário

Não é preciso dicionário

Pra saber que este medo

Revela qualquer segredo

Mesmo sendo indo e vindo

Assim sendo já vou indo

Pra Pasárgada dos meus dias

Morrer em paz e em harmonia

Pra nao ter a disprazia

De te ver em agonia.

.

30 de novembro, de 2006. dia H