Actriz
...Esta façanha é somente para pessoas altamente qualificadas. Estou em Pasárgada. Sem previsão de volta.
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Infeliz em público - Martha Medeiros
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O sofrimento, excentuando-se o que traz de dor, tem um certo glamour, é cinematográfico.
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Cena 1: você atravessa a madrugada escutando músicas antigas, fumando dois maços e revendo fotos.
Cena 2: você se trancafia no banheiro, senta sobre a tampa do vaso sanitário e dissolve-se de tanto chorar.
Cena 3: você se revira na cama sem conseguir pregar o olho, pensando, lembrando, doendo.
Cena 4: você caminha por uma rua da cidade, sem rumo, parando para uma cerveja num boteco estranho, onde ninguém lhe conhece – que bom ser invisível.
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Se é pra sofrer, que seja sozinho, onde seu rosto possa estampar desalento, inchaços, nariz vermelho, olhar perdido, boca crispada.
Se é pra sofrer, que o corpo possa verter, vergar, amolecer.
Se é pra sofrer, que possa ser descabelado, que possa ser de pés descalços, que possa ser em silêncio.
Que os demônios levem pro inferno aquele que bate à nossa porta bem no meio da nossa fossa, aquele que telefona bem no auge das nossas lágrimas, aquele que nos puxa para uma festa obrigatória.
Malditos todos aqueles com quem não podemos compartilhar nossa dor, e nos obrigam a fingir que nada está se passando dentro da gente.
Disfarçar um sofrimento é trabalho de Hércules.
Um prêmio para todos aqueles que conseguem fazer com que os outros não percebam sua falta de ânimo nos momentos em que ânimo é tudo o que esperam de nós: nas ceias de Natal, jantares em família, reuniões de trabalho.
Você não quer estar ali, quer estar em Marte, quer estar em qualquer lugar onde não seja obrigado a sorrir.
Há sempre o momento de pedir ajuda, de se abrir, de tentar sair do buraco.
Mas, antes, é imprescindível passar por uma certa reclusão. Fechar-se em si, reconhecer a dor e aprender com ela. Enfrentá-la sem atuações. Deixar ela escapar pelo nariz, pelos olhos, deixar ela vazar pelo corpo todo, sem pudores.
Assim como protegemos nossa felicidade, temos também que proteger nossa infelicidade.
Não há nada mais desgastante do que uma alegria forçada.
Se você está infeliz, recolha-se, não suba ao palco.
Disfarçar a dor é dor ainda maior.
Infeliz em público - Martha Medeiros
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O sofrimento, excentuando-se o que traz de dor, tem um certo glamour, é cinematográfico.
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Cena 1: você atravessa a madrugada escutando músicas antigas, fumando dois maços e revendo fotos.
Cena 2: você se trancafia no banheiro, senta sobre a tampa do vaso sanitário e dissolve-se de tanto chorar.
Cena 3: você se revira na cama sem conseguir pregar o olho, pensando, lembrando, doendo.
Cena 4: você caminha por uma rua da cidade, sem rumo, parando para uma cerveja num boteco estranho, onde ninguém lhe conhece – que bom ser invisível.
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Se é pra sofrer, que seja sozinho, onde seu rosto possa estampar desalento, inchaços, nariz vermelho, olhar perdido, boca crispada.
Se é pra sofrer, que o corpo possa verter, vergar, amolecer.
Se é pra sofrer, que possa ser descabelado, que possa ser de pés descalços, que possa ser em silêncio.
Que os demônios levem pro inferno aquele que bate à nossa porta bem no meio da nossa fossa, aquele que telefona bem no auge das nossas lágrimas, aquele que nos puxa para uma festa obrigatória.
Malditos todos aqueles com quem não podemos compartilhar nossa dor, e nos obrigam a fingir que nada está se passando dentro da gente.
Disfarçar um sofrimento é trabalho de Hércules.
Um prêmio para todos aqueles que conseguem fazer com que os outros não percebam sua falta de ânimo nos momentos em que ânimo é tudo o que esperam de nós: nas ceias de Natal, jantares em família, reuniões de trabalho.
Você não quer estar ali, quer estar em Marte, quer estar em qualquer lugar onde não seja obrigado a sorrir.
Há sempre o momento de pedir ajuda, de se abrir, de tentar sair do buraco.
Mas, antes, é imprescindível passar por uma certa reclusão. Fechar-se em si, reconhecer a dor e aprender com ela. Enfrentá-la sem atuações. Deixar ela escapar pelo nariz, pelos olhos, deixar ela vazar pelo corpo todo, sem pudores.
Assim como protegemos nossa felicidade, temos também que proteger nossa infelicidade.
Não há nada mais desgastante do que uma alegria forçada.
Se você está infeliz, recolha-se, não suba ao palco.
Disfarçar a dor é dor ainda maior.
4 Comments:
Está em Pasárgada ainda?!
Minha cara, queria lhe encontrar aí. rsrsrsrs
Ah, obrigado por ter me visitado!
Seus textos também são ótimos!
ADOREI!
E eu nao disse que sempre estaria aqui?
Tcharaaan! Cá estou!
Um Beijo
Oi Andriel! Td bem? que legal vc por aki novamente! Valeu msmo por vir! Bem, é o que eu falei: só pode vir pra Pasárgada quem estiver enlouquecendo....rsss
bj, estarei sempre no seu espaço tb!
ééé!!!! quando eu bebo e fico transtornado, eu posso ir pra pasárgada???? rsssss.,., melhoras pra você, não aguento mais ver aquela carinha EJACULANDO (rssss) água no seu fotolog. Espero que você quando quiser voltar e causar em itanhandu ainda lembre do caminho de volta... Às vezes é difícil reencontrá-lo.,., Wagner.,.,
Wagner,vc tb nao poderá vir pra cá. é um lugar restritíssimo. Desculpe, mas vc bêbado é um perigo constante,rsss.Não quero voltar nem reencontrar... aki tá ótimo. Obrigada pelas "condolências".
Só espero estar viva pra cantar com a banda pq isso eu quero e muito!
Gisele
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