18 outubro 2007

Diogo P. fala por mim

Prefiro o silêncio. Podemos escolher o silêncio como nosso ponto de encontro. Permite que continuemos a falar-nos mas sozinhos, por pensamentos que teremos futuramente. Eu sei que vais pensar em mim e tu sabes que eu vou pensar em ti, mas escusamos de estragar tudo o que nos separa com coisas que existam para fazer manutenção do que não existe. A montanha vê o mar e sabe as suas histórias sem nunca lhe tocar. Deixa que seja natural ficarmos sem dizer as coisas que neste momento toda a gente está a dizer. Nós já as dissemos e sabemos cada uma dessas palavras jogadas fora, e por isso não te digo isto para salvar a nossa diferença em relação aos outros, se nós existimos (nós dois) é porque somos iguais a tantos outros, mas eu estou cansado de ter que dizer alguma coisa. Quando digo alguma coisa não quero só dizê-lo para provar que eu ainda estou aqui, deixa que as coisas se digam por si mesmas, de uma forma necessária e independente. De outra forma vamos manchar tudo o que foi preciso ser dito e que será assim esquecido pelas coisas desnecessárias.Haverá por muito tempo um lugar de palavra onde me podes reencontrar aos poucos, como te apetecer e aí cada palavra virá encontrar-te à noite sozinha, num momento certo, e aí irá despertar em ti um sentimento nosso. De outra forma vamos tornar-nos vírgulas e acentos quando tudo o que nos resta fica numas entrelinhas distantes disso.Houve tempos em que sempre que encontrava qualquer coisa nova enchia-me de medo do dia em que ela deixasse de me fazer sentir novo eu próprio, agora já não sinto isso. Prefiro o silêncio pela forma como ele se desenvolve com paciência sem se querer agarrar demasiado a nenhuma ideia ou pensamento. Percebe o que te quero dizer... Há muitas formas de se dizer adeus mas só há uma de não o fazer, é não dizer nada é ficar em silêncio e deixar que em nós continuem a vibrar as vontades e desejos que não se chegaram a calar.Eu não sou um homem e tu não és uma mulher, por isso não vamos ver as coisas pelo lado certo. Sem certezas somos os dois ainda crianças e podemos continuar a olhar para o balão que está agarrado ao nosso pulso e se agita no ar mas não está preso nas nossas mãos. Não vale a pena agarrar o balão, deixa-o ir e sente só o fio no teu pulso como um caminho para um pensamento que te fez feliz certa noite.Com o tempo outras pessoas vão pedir-nos um abraço e vamos querer dar-lhes esse abraço. Se tivermos as mãos livres então isso não será difícil e vamos poder ter ainda a recordação. Lembra-te disso, é uma recordação e se quiseres podes amá-la ou rasgá-la e escondê-la numa gaveta, essa é a magia de uma recordação. É nossa como é nosso o silêncio, não temos que nos obrigar a nada, apenas temos que seguir em frente.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Que lindo isso.,., beijo.,.

sexta-feira, outubro 19, 2007 2:58:00 PM  

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